luthier de guitarras classicas

Uma guitarra construída individualmente é sem dúvida qualquer coisa de magnífico e consegue-se atingir um nível de sonoridade que ultrapassa consideravelmente os instrumentos feitos em série. Madeiras rigorosamente seleccionadas e cortadas segundo regras antiquíssimas, que respeitam o ciclo da natureza, em combinação com uma construção cuidada e inteligente, proporcionam um nível de ressonância incomparável. Sou construtor de guitarras por paixão e vocação. Cada guitarra é única e transmite a magia do amor a música. Pode aceder a gravações dos meus instrumentos no meu canal soundcloud, myspace e no meu canal no Youtube

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O instrumento e a humidade relativa do ar


Um dos factores importantes a ter em consideração relativamente aos instrumentos musicais em madeira e a sua construção, está relacionado com a humidade relativa do ar. A humidade relativa é a percentagem de água que o ar contém, considerando o ponto de saturação (que varia segundo a temperatura), sendo 100 % de humidade relativa, o ponto de saturação máxima em que a humidade começa a condensar, ou sej, quando o ar não tem mais capacidade de retenção de água para o nível de temperatura do momento. O calor, por sua vez, aumenta a capacidade de retenção, o que explica porque é que a humidade começa a condensar quando o ar arrefece. Considera-se o ar seco quando a percentagem está abaixo dos 50% e húmido quando está acima dos 70%.
O controlo da humidade do ar num atelier de construção e, neste sentido, também, nalguma medida, o nível de temperatura, são muito importantes para obter instrumentos de qualidade, já que as madeiras absorvem quantidades consideráveis de agua a partir do ar ambiente, o que altera as suas características. Quando se verificam diferenças importantes de humidade relativa durante as diferentes fases de construção, isto leva a tensões consideráveis no instrumento acabado, o que não favorece uma boa ressonância do instrumento. Em Portugal, podemos considerar um bom nível de humidade à volta dos 60-65 % de humidade relativa, já que isto corresponde, aproximadamente, ao valor médio anual e, ao mesmo tempo, representa um valor normal no sentido em que não é nem muito húmido nem muito seco. Um dos objectivos consiste, precisamente, em garantir que o instrumento tenha mais capacidade de ambientação quando terminado, para muitas situações, sem estar em stress. É fácil imaginar que um instrumento construído num ambiente de 40% de humidade relativa, vai sofrer muito quando introduzido num ambiente de 80 % (ou vice-versa) sendo a diferença de humidade muito grande. Observando um nível de humidade normal no atelier, estas diferenças são muito mais pequenas. Aumenta-se, assim, a capacidade do instrumento de reagir a estas influências, permitindo às madeiras adaptarem-se sem causar demasiadas tensões. São estes, aparentemente pequenos pormenores, que fazem a diferença e que, em conjunto com outros factores, possibilitam construir instrumentos com qualidades excepcionais. Mesmo assim, recomenda-se aos músicos que tenham estes factores em consideração, que procurem algum método de controlo da humidade relativa do ar e que não submetam o instrumento a condições demasiado severas como, por exemplo, esquecê-lo na mala do carro estacionado em pleno sol ou utilizá-lo na sauna ou outras situações semelhantes.

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